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O guru de Bolsonaro propõe para a área de energia

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Fonte: Gazeta do Povo | Opinião/artigos Curitiba | PR

Professor na área de Economia da Universidade de Iowa (Estados Unidos), formada e com mestrado e doutorado em duas das mais prestigiadas instituições de engenharia e de matemática no Brasil. Essas são algumas das credenciais de Luciano de Castro, o homem que está encabeçando a equipe técnica que assessora o candidato Jair Bolsonaro (PSL) no sector da energia. Ao lado de Paulo Guedes, o “Posto Ipiranga” para a economia eleito por Bolsonaro, Castro, defende o que chama de “liberalismo com fraternidade”, recordando os mais pobres e sem ideologias.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, por telefone, Castro explica a sua visão da eletricidade e o petróleo, aprovada pelo Bolsonaro e sempre guiada pela “eficiência econômica”. Nessa lógica, Castro defende a redução do limite possível do papel do governo no setor, com privatizações e o fim de subsídios. “Tudo o subsídio deve ser eliminado, até que se prove o contrário”, defende.

Para questões básicas que afetam a vida do consumidor de gasolina, gás e eletricidade, Castro propõe a reconversão, mas tendo como base a liberdade de mercado e da concorrência. Ele defende a flutuação dos preços, mas chama de “ridícula” a defesa de uma flutuação dos preços na bomba de gasolina, seguindo a evolução do petróleo na bolsa. E propõe a adoção de um sistema de negociação de contratos para a venda de gasolina, o que permitiria que as grandes empresas de petróleo, refinarias, distribuidoras e grandes empresas) fiquem com o risco de esta variação, e não o consumidor ou os caminhoneiros.

Em energia elétrica, Castro critica ferramentas que são usadas hoje em dia no setor, como a Tarifa Social, que concede gratuidades e descontos na conta de luz para quem está inscrito no Bolsa Família. Castro diz que a política pode ser contida, mas destaca que os mais pobres não se desassistidos. “A gente precisa racionalizar o sector da energia, isso passa por rever não só a tarifa social, mas, sim, rever todo”, disse. Mas garante que a manutenção do que foi contratado e a segurança jurídica são as bases de suas propostas.

O cearense – que estudou no colégio militar e, depois, fez pós-graduação no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e mestrado e doutorado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) – afirma que não está sozinho na formulação das propostas energéticas para Bolsonaro. De acordo com Castro, há muitos técnicos de alto nível, ajudando na formulação de propostas, mas muitos preferem ficar nos bastidores.

Na entrevista, Castro criticou a política energética feita pelo governo petista e deixou elogios a Bolsonaro, que ele acredita que tem as principais credenciais necessárias para um presidente. Na avaliação do especialista, o candidato tem em relação com o conhecimento técnico, o que irá evitar que Bolsonaro rejeitar as idéias liberais propostas por ele e por Guedes.

“Estou certo de que, de todos os candidatos é o que vai ouvir o lado técnico melhor. E ele vai ter a humildade de considerar os argumentos que vão ser colocados”, afirmou.

Veja a entrevista completa:

O plano de governo fala em choque liberal no sector da energia. Como deve ser o preço da gasolina e do gás de botijão? O senhor é a favor da livre flutuação dos preços, seguindo a cotação internacional ou deve haver alguma política de maior capacidade? O programa fala de um ‘hedge’, o que seria esse ajuste?

Luciano de Castro: o nosso plano é baseado em uma economia liberal, o liberalismo. Só que há uma concepção errada sobre o que isso significa. No caso da gasolina, para não fazer com que o preço da gasolina segue o preço spot do petróleo na bolsa de valores. Porque, se o fizesse, a correção não deve ser diária, deve ser a de minuto a minuto. Quando você começa a encher o tanque, o preço é, no momento em que terminou o preço já é diferente. Isso é ridículo, isso é totalmente ridículo. Isso é uma concepção tola e ignorante o que é o liberalismo. O que precisa ser feito você permitir às empresas que se estabelecerem na negociação de energia, não só de combustíveis mais de energia em geral. Estabelece contratos de médio e longo prazo que permitem fazer um ajuste [proteção] de preço e bloqueia preço. É exatamente este tipo de negociação, que é absolutamente liberal.

Isso seria a refinaria? O senhor está propondo uma semelhança com a parte de energia elétrica através da venda de contratos no leilão? Como seria isso?

Luciano de Castro: eu Não vou entrar em detalhes de como será feito. É uma coisa um pouco mais técnica e há vários aspectos dos detalhes que precisam ser feitas. Mas a idéia básica geral e a principal mensagem que precisa ser deixada é esta: liberalismo não significa preços mudando a cada minuto, como se fosse uma bolsa. Não é isso. O liberalismo permite a negociação, mas também aumenta o risco em que possa fazer frente a este risco melhor. Por exemplo, pense em um caminhoneiro que começa a fazer um transporte de uma carga no estado do Rio Grande do Sul para entregar em Fortaleza, Ceará. Ele vai ter que repor várias vezes nesse período, só que o preço do frete, se vai ter que ser negociado e fixado em algum momento. O risco de esta variação da taxa de câmbio, quem é o melhor agente para fazer frente a este risco de mudança? Uma grande empresa, que tem acesso ao mercado financeiro e possa fazer um ajuste, ou de um motorista de caminhão que está pagando a cada momento de seu percurso um preço diferente? Quem tem acesso aos mercados financeiros para fazer o controle desse risco? Então os detalhes, vamos definir depois. O importante é colocar essa mensagem, de que quando a gente fala de liberalismo é uma postura sofisticada, baseado em coisas científicas, no acompanhamento dos mercados, mas não é nada dessa caricatura que se faz de que o preço tem que mudar toda hora. Isto é, em realidade, a ignorância, é uma versão caricata de o que é o liberalismo.

O preço da eletricidade está pesando no bolso do consumidor e os senhores falam no plano de governo que “a oferta de energia deve ser segura, a preços justos e competitivos internacionalmente”. O que se pode fazer? O Que você acha da política de bandeiras tarifárias?

Luciano de Castro: Uma das grandes coisas que temos que perseguir é exatamente um baixo custo de energia, já que isso aumenta todos os setores da economia que utilizam a energia como insumo. A questão de tudo é como a gente quer que isso aconteça, e nossa visão é a de que a única forma que foi testado a funcionar, em todo o mundo e em todos os mercados, é através da concorrência. Criar mecanismos de concorrência com as empresas que competem entre si para oferecer os melhores produtos e com preços mais baixos. Então, os preços vão cair. Você não pode fazer o que vem sendo perseguido até o dia de hoje, que era tentar fazer isso por meio de intervencionismo do governo.

Olha a contradição, o governo do PT nos últimos 13 anos: se anunciava a modicidade tarifária como meta. Na verdade, não só o objetivo, mas também como desculpa para várias intervenções que foram feitas no governo e de lá não deve haver discussão, quais foram os resultados, é o que temos hoje: uma energia das mais caras no mundo, e isso não é uma coincidência. Há uma relação causal deste intervencionismo, causando um preço mais alto.

Por exemplo, em da MP 579. O que foi aquilo lá? A Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] estava fazendo uma campanha, por cocustos de desenvolvimento que a energia é muito cara em 2012. E o governo disse que ia fazer uma conta, a portas fechadas e decretar simplesmente o preço. Foi feito um tabelamento, uma coisa que se repete. [Disseram] “vamos decretar que o preço é esse, porque eu fiz um cálculo aqui, com meus iluminados dentro do Ministério, e este vai ser o preço que as empresas vão praticar”. No final das contas, apenas a Eletrobras aceitou e isso gerou um passivo que vai ser pago pelo consumidor de energia elétrica ou o próprio pagador de impostos ao longo dos anos. Manifestou que a energia seria mais barato, mas, na realidade, a energia já estava mais cara, e eles estavam cobrando menos, como se parcelasse o pagamento.

O que vamos fazer é diametralmente oposto. Temos que libertar os mercados, não intervir na economia, e fazer com que os empresários tenham todos os incentivos para buscar a redução de custos e a redução é o que vai permitir que a energia é mais barata.

Este intervencionismo gera uma reel causal com preços mais elevados. No momento em que você pratica, não uma vez, mas, em seguida, as intervenções no mercado, você dá sinais aos agentes de que você é um governo que está disposto a quebrar as regras. E quando se muda uma regra, claro, você vai gerar perdedores dos vencedores. Quando você diz que está disposto a levar a cabo estas intervenções, os agentes vão entender que este governo é capaz de mudar as regras. E perceber que, como agentes, têm que se especializar em influenciar as decisões deste governo. Cria-Se um mecanismo em que os empresários, em vez de se concentrar na redução de custos, vão centrar-se no aumento de sua influência política. E aí abre-se a porta para a corrupção. Sabemos que isso existe, à vista do que aconteceu na Petrobras com a Lava Jato. Em geral, quem perde é o que tem menor representatividade, que geralmente são os consumidores.

E como vamos estabelecer os mecanismos de competição? Dando cada vez menos poder do governo de estabelecer. Hoje o governo decide os mecanismos destes leilões de venda de energia para as distribuidoras] o controle de tudo. Vamos ter que fazer com calma, pensando em etapas, de forma gradual, para fazer com que essa competição se produza a menor influência possível do governo. Não vamos mudar de um momento para o outro, mas tem que deixar a direção muito clara, que o funcionamento de todo o setor depende cada vez menos do governo.

A tarifa social cumpre hoje a 8,7 milhões de consumidores. O senhor considera esta uma política adequada? Mudaria alguma coisa?

Luciano de Castro: Nós temos uma preocupação muito grande com os membros mais humildes da nossa sociedade. O Paulo Guedes, em uma das conversas que tivemos, ele disse que o que queremos promover é o liberalismo, com fraternidade, olhando para os menos favorecidos, ou para as pessoas mais pobres. Mas o que vamos procurar fazer sem interferir na eficiência econômica. Vou dar um exemplo das formas boas e más maneiras de fazer isso. Um exemplo ruim para isso, que se diz ser uma ajuda para os pobres, mas é uma intervenção que era mau aos mercados, é a idéia do Geraldo Alckmin de pagar 50% dos botijões de gás, o Vale Gás. Alckmin parece que é respeitado como alguém que entende de economia, e a idéia de que a realidade se parece exatamente ridícula para quem entende de economia, já que vai contra a eficiência econômica. Suponha que um consumidor, o Francisco ou a Dona Maria, ganha us$ 100 para pagar suas contas de botijão de gás. Esse dinheiro vai sair de um gasto público e vai ser transferido para essa pessoa. Este cidadão encontrará linda, maravilhosa, e considerar que já está melhor. Mas eu convido a Seu Francisco e Dona Maria para pensar no seguinte: para o governo, esses us$ 100 que está recebendo estão saindo do cofre público, já que é um gasto. E perguntar se eles preferiam usar esses r$ 100 para comprar arroz e feijão, um livro para os filhos, uma condução para o uso diário, ou se preferem receber r$ 100 e ser obrigados a comprar o gás, é claro, a primeira situação é melhor para eles, e para o governo, não há nenhuma diferença. Mas para a pessoa que está recebendo, de ter a liberdade de escolher qual é o melhor uso desse r$ 100, é exatamente a diferença da água para o vinho. Ele pode gastar esses r$ 100 no que seja melhor para ele. Portanto, essa ideia de Alckmin vai contra os princípios básicos da economia, e foi feita por alguém que é respeitado por muita gente, como alguém conhecedor da economia. Não é. Vamos procurar beneficiar Seu Francisco e Dona Maria, só que da forma correta, e acima de tudo respeitando a estes seres. As pessoas muitas vezes, e a esquerda é fã de fazer isso, de olhar para essas pessoas de cima e dizer “eu vou te ajudar, porque você é incapaz”. Eu não o vejo assim. Essas pessoas são muito capazes e sabem melhor do que ninguém o que é melhor para ela. Você pode ser um Phd em Economia em Harvard e não saber o que é melhor para ela. Ela é capaz de definir.

É possível que seja repensado o atual formato e mecanismo de tarifa social de energia elétrica?

Luciano de Castro: Sim. Queremos repensar não só isso, nós queremos repensar todo o setor elétrico. Quando você me disse que temos que ver qual é o objetivo de longo prazo que vamos perseguir, me disse exatamente a redução do custo da energia. E me disse que isso tem que vir da única forma possível, através do livre mercado e da concorrência. Por trás disso, você terá que reverter esses benefícios a todos os que tem no setor elétrico. A gente precisa racionalizar o sector da energia, isso passa por rever não só a tarifa social, mas, sim, rever todo.

O plano de governo fala de promover a geração eólica e fotovoltaica no nordeste. Isso é feito como?

Luciano de Castro: Este tema está em estudo, vamos avaliar. Estas fontes renováveis, principalmente no Nordeste, que já tem uma competitividade muito grande, precisamente porque o Nordeste já tem características que favorecem naturalmente, como o sol muito frequente, e o vento. Esta vantagem já é uma vantagem competitiva destas fontes. Mas a forma exatamente a… Certamente não vamos criar uma empresa pública para explorar, já que isso vai contra o liberalismo, mas a forma que isso vai ser implementado vai precisar de mais detalhes.

Qual deve ser a solução para a central nuclear de Angra III, que já custou R$ 12 bilhões e ainda pode custar mais De us$ 15 bilhões, parada pela Lava Jato? E o que pensa sobre a energia nuclear?

Luciano de Castro: Em princípio, as pessoas não irá construir novas fontes, sendo importante terminar ou completar o que já está em construção. Em primeiro lugar, não existe nenhum preconceito em relação à energia nuclear, que é uma energia limpa e segura, tem características muito vantajosas, no entanto, é necessário tomar todas as precauções para evitar acidentes.

Mas o ponto de decisão em relação à Angra III é exatamente a forma da racionalidade econômica. Quando você tem um projeto, você deve ver o que está para a frente, o que já foi investido são os custos afundados, e não entram mais no processo de decisão. O processo de decisão deve ser levando-nos a ver o que se tem hoje em dia, vendo qual é o benefício, que é o custo, e em cima disso vamos tomar a decisão com o máximo de racionalidade económica.

Especula-Se que o governo estuda aumentar o preço da energia comprada da usina de energia nuclear. Mas, politicamente, há um questionamento se, depois de aumentar o preço da energia, pode-se ter um sócio estrangeiro, especialmente para uma empresa russa ou chinesa. Essa seria uma possibilidade?

Luciano de Castro: Eu não vejo nenhum problema nisso. É natural que você está à procura de parceiros que conheçam mesmo esse tipo de operação da planta.

Mas o candidato Bolsonaro costuma fazer alguma crítica quando se fala, por exemplo, os chineses. Que eles não estariam invadindo nosso setor produtivo. Ele diz isso sobre a energia e também sobre a agricultura. O senhor acha que, neste caso, teria de ter um processo de convencimento do candidato? Ele trocou as posições sobre o que ele chamou de “invasão chinesa”?

Luciano de Castro: Estamos sem dúvida alinhados. O Paulo Guedes tem uma postura bastante flexível sobre o tema. A preocupação do Bolsonaro não é em relação com a parte estratégica, mas em função de determinadas posturas dos chineses em processos anteriores. Eu tive uma conversa há algum tempo com uma pessoa que conhecia algumas das práticas dos chineses, principalmente na África, que foram exploratórias em relação a esses mercados, e que deixaram os países em uma situação complicada. Até onde se sabe, ao menos, as indicações mais recentes, é que essas práticas têm mudado, e que eles estão com uma postura muito mais profissional. Acho que essa é a nova colocação, e a gente vai passar a discutir estas informações com o presidente do Bolsonaro, se é eleito.

É importante destacar que, de todos os candidatos, o Bolsonaro é aquele que respeita mais o conhecimento técnico. Isso é inegável, já se manifestou em diversas ocasiões, como por exemplo, em uma entrevista à Rádio Jovem Pan, em que se estava falando algo sobre a segurança e o advogado disse: “o candidato, não é dessa forma “, e o Bolsonaro respondeu: “o senhor é o professor e você deve saber mais do que eu “. Ele reconhece isso, porque é uma coisa natural dos militares, de reconhecer o conhecimento, e respeitar, de fato, a parte técnica. Ele vai ter a humildade de considerar os argumentos que vão ser colocados.Esta é uma das razões pelas quais eu acho que o Bolsonaro hoje é o melhor candidato de todos. Queremos um liberalismo sem ser ideológico, baseado no conhecimento técnico.

A Eletrobras e a Petrobras devem ser privatizadas? E as Sociedades de Propósito Específico dessas empresas?

Luciano de Castro: sem Dúvida, a inclinação do equipamento é de promover uma privatização primeiro a Eletrobrás e em segmentos da Petrobras também. Nós temos uma posição liberal de favorecer mercados, mas ninguém tem essa posição ideológica cega. Nós Vamos procurar a melhor teoria científica para orientar nossas decisões. Uma das preocupações que temos no caso da Petrobras e da Eletrobras é garantir que, uma vez privatizadas, a estrutura de mercado que prevaleça seja o mais competitiva possível. Isso provavelmente vai indicar a orientação dos negócios destas empresas.

Qual deve ser a estratégia adotada no processo de negociação da cessão onerosa de campos do pré-sal e de seu eventual excesso?

Luciano de Castro: De 2007 a 2013 temos um hiato de suspensão dos leilões de petróleo, que conseguiram uma perda de divisas para o país da ordem de R$ 1 bilhão. Isso é uma perda extraordinária, é um terço da dívida (pública). Se você tivesse arrecadado isso, imagine o que seria. Poderíamos estar gastando menos com os interesses e hoje estamos gastando r$ 400 milhões de dólares, e há uma necessidade imensa de investimentos que nós não podemos fazer por conta desse dinheiro que deixou de ser recolhida. Isso é outro dos crimes de lesa-pátria que foram cometidos pelo último governo. O Brasil e a sociedade brasileira perderam muito por isso. Vamos retomar e dar uma regularidade para estes leilões, estabelecendo regras que preservem os interesses da sociedade brasileira, mas que sejam mais favoráveis para a exploração do petróleo, para que o setor volte a ter o dinamismo que deve ter e que foi suspenso.

E o leilão da cessão onerosa deve fazer o ano que vem? O edital foi enviado ao TCU, jogando a bola para o próximo governo. E, no entanto, a Petrobras deve receber em dinheiro?

Luciano de Castro: sem Dúvida. Nossa predisposição é a realização de leilões e, com frequência regular, precisamente para evitar esse prejuízo enorme que tem causado. Há detalhes que precisam ser definidos.

O que o senhor pensa sobre o regime de repartição para os campos do pré-sal? Devemos ter regras diferentes de licitação entre o pré-sal e pós-sal?

Luciano de Castro: Vejo com restrição da forma como foi feito o regime de repartição. Em 2010, fui chamado a participar de um grupo de estudos sobre o regime e não cheguei a integrar a equipa, porque me dei conta de que estava criando este sistema para favorecer o trabalho das empresas estatais, e, na verdade, isso serve para os interesses criados. Não posso dizer que era isso, mas podemos observar o que acontece: você aumenta a participação das estatais e elas passam a lidar com recursos muito maiores. E então, depois vem a corrupção que desvia parte desses recursos. Toda a nossa forma de ver e de reduzir a participação estatal é justamente quebrar esse mecanismo de corrupção. Podemos dizer que “o petróleo é nosso”, sim, mas é do povo brasileiro, e não das pessoas que comem a Petrobras ou que destruíram a Petrobras, nos últimos anos. E a receita que você irá para o povo brasileiro pode ser obtida nos dois casos, tanto na concessão quanto no intercâmbio.

Mas a destinação de recursos para o fundo de saúde e educação são diferentes em compartilhar…

Luciano de Castro: Você pode alterar os parâmetros, você pode alterar os tributos. Há vários aspectos que você pode ajustar o sistema que lhe daria uma mesma participação. Mas o que temos que ver, daqui em diante, é que, como já existem este tipo de contratos celebrados no regime de repartição, você tem que cuidar da transição. Os contratos serão respeitados. Mas a gente quer caminhar na direção de ter menos participação estatal e manter a segurança jurídica.

Portabilidade da conta de luz para todos os consumidores?é algo que deve ser perseguido?

Luciano de Castro: Esse para mim é um dos pontos de modernização do setor de energia. Vamos caminhar nessa direção, e chegar a essa portabilidade o mais rápido possível. Mas o ponto é o ritmo em que isso se faz e serão precisos alguns ajustes e, acima de tudo, um processo de convencimento dos atores. A questão é de não quebrar o contrato e deixar muito clara a direção que é de grande competitividade. Cito um exemplo de um estado em que eu morei nos Estados Unidos, que é Illinois, onde tem esse tipo de mudança, e teve ali um florescimento, uma ativação do mercado de energia que foi extraordinário. Quando você deixa só para o consumidor, muitas vezes o consumidor não se dá o trabalho de procurar o fornecedor de energia particular. Mas, em Illinois, foi criado um mecanismo que tem dado bastante certo, de permitir que os municípios negociassem os contratos com os fornecedores para os habitantes daquela região, preservando ao consumidor individual, se você quiser optar por algo diferente. Ou seja, se você não fizer nada vai junto com todo o pessoal dessa cidade. Mas se você quer ter a opção de fazer algo diferente, você pode. É nessa direção que devemos caminhar.

O contrato de Itaipu será revisto em 2023. O senhor pensa em fazer qualquer alteração no presente contrato?

Luciano de Castro: Acho que vamos ter que caminhar nessa direção, de descotização [liberação de energia para todos os mercados]. Visitei Itaipu em 2014, eles têm uma equipe técnica muito bem, conseguiram realizar ganhos de produtividade de uma forma muito meritórios, sem ter feito os incentivos diretos de fazer isso. Na medida do possível vamos permitir que haja descotização e que a empresa participe de um mercado competitivo. Mas de novo: o respeito aos contratos e, em especial, neste caso, em que temos um regime de parceria com nossos irmãos paraguaios, tudo tem que ser negociado com eles.

O Brasil voltou a enviar para as centrais térmicas fora da ordem de mérito [mais caras sendo ativadas antes das menos costursa], algo que tínhamos tentado reverter, de 2016 para cá. E deve-se fazer um leilão de usinas térmicas no Nordeste, o que é criticado por deslocar a outras fontes e ainda gerar custo desse deslocamento. Qual deve ser a linha principal do planeador de energia em um eventual governo Bolsonaro?

Luciano de Castro: Você citou dois problemas e ambos apontam em sentido contrário à eficiência econômica. Em questão de longo prazo, quando você faz subdivisões de mercado, o que, naturalmente, diminui a concorrência. [No caso do leilão de térmicas] se vamos ao extremo, podemos ver isso. Por exemplo, se a energia de Salvador é apenas vende e pode competir, que está em Salvador, já que não tem muitos geradores de lá, vai gerar quase um monopólio. Portanto, esta fragmentação do mercado vai contra a concorrência, a tendência é aumentar os custos e os preços para os consumidores e que vai na direção errada, a meu modo de ver.

Quanto à planificação, temos dois aspectos, o primeiro, de longo prazo. Você tem que promover a concorrência entre as fontes e os leilões vão ter que se orientar nessa direção, procurando a eficiência econômica. Esta expressão vai ser um norte para o sector. Quanto ao despacho fora da ordem de mérito, isto está ligado e é quase um exemplo de livro de texto do que é ineficiência. Você tem fontes com um custo mais elevado, sendo despachada antes do que outros com um custo mais baixo. Mas por que se faz isso? Porque você tem tudo sendo ditado por um sistema, um programa que se chama Newave, e que as pessoas que operam no mercado não confiam, porque sabem que ele tem várias aproximações e erros grosseiros. Vamos ter que melhorar muito o auto de curto prazo para que ele procure a eficiência econômica. E isso é uma coisa que nós vamos perseguir, para que este carro seja definido por um programa, mas com a participação ativa dos agentes através de ofertas.

Devem ser mantidos os incentivos às fontes renováveis?

Luciano de Castro: Vamos rever os subsídios e a postura geral é a seguinte: nós não precisamos de subsídios até que se prove o contrário, como no princípio, o Direito Penal, em que você é inocente até que se prove o contrário. Claro, há situações em que a boa teoria econômica estabelece subsídios, e diz que eles não são apenas necessários, mas que aumentam a eficiência econômica. Vou dar um exemplo genérico: por que você tem que dar um subsídio para a educação? Porque uma população educada gera benefícios para todos os cidadãos. Outro caso particular é o da investigação e o desenvolvimento. Acontece que, em geral, não é o caso. A gente vai ter um processo de revisão de todos os benefícios, uma predisposição para não concedê-los e a cancelá-los, a menos que se prove que são racionais, do ponto de vista econômico.

As instituições do setor energético trabalham adequadamente o dia de hoje? Há algo que já está no seu plano?

Luciano de Castro: o nosso endereço é reduzir ao máximo a participação do governo no setor. Obviamente, tem todo um processo para chegar a isso. Vejo a conveniência de reorganizar a EPE [Empresa de Pesquisa Energética], o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], sem CCEE [Câmara de Comercialização de Energia Elétrica]. No que diz respeito às agências, o que eu penso é que, a longo prazo, ou daqui a quatro anos, depois de o nosso governo, é de esperar que as agências de fato concentram a maioria das decisões do setor e o façam desde o ponto de vista da eficiência econômica.

O que o senhor vê o candidato Jair Bolsonaro, a partir de um olhar técnico?

Luciano de Castro: eu Acho que hoje em dia é o mais preparado para ser o presidente do país. Ele tem um conhecimento que é muito importante para os técnicos que vão trabalhar com ele, que é precisamente o conhecimento que nós não temos, o conhecimento da política. Preciso de um presidente que tenha respeito pelo conhecimento técnico, porque todos nós, o computador que está a sua volta e nós somos técnicos que conhecem e sabem o que é necessário fazer. Então, eu preciso ter um presidente que, quando eu vou apresentar as questões, se você vai poder me dizer o que acontece e o que não passa no Congresso. E ele tem a experiência de deputado. Eu não preciso que Bolsonaro entenda de economia. Eu sei, e é importante que ele saiba o que é viável e o que não o é.

Mas ele terá que indicar ministros políticos, entre os deputados, por exemplo, para conseguir essa aprovação?

Luciano de Castro: Teremos que fazer uma série de reformas constitucionais, e este trabalho com o Congresso será muito importante. Vamos ter espaços para serem ocupados neste trabalho. Temos também uma preocupação de Paulo Guedes, que é de fortalecer o federalismo e o papel dos estados. E também o papel da Câmera, para que não seja tão dependente do governo central.

No Caso de ser convidado para ocupar um cargo na área de energia, o senhor aceita?

Luciano de Castro: eu Me sinto como um dever de gratidão para com meu país. A partir da quinta série, eu estudei em colégios públicos. Passei sete anos no Colégio Militar de Fortaleza, depois de cinco anos no ITA e depois fiz um mestrado e doutorado no IMPA. Estão falando em meu nome e das pessoas que se associam a Bolsonaro tem um certo custo, porque ele é visto de forma injusta como retrógrado. E essas conotações acabam passando para as pessoas. Eu estou disposto a colocar meu nome à disposição abertamente, porque eu acho que nenhuma dessas questões é relevante, ou seja personalizado, de fato, com a realidade. Mas, em particular, tendo em conta todas as características de todos os candidatos, acho que é o mais preparado para ser o presidente do país e está agora em uma oportunidade de colocar o Brasil em um novo rumo, que não se tentou até agora, de liberalismo econômico, e que vai permitir que o Brasil se desenvolva de uma forma muito mais ampla e atingir várias camadas da população.

Fonte: www.sindigas.org.br/novosite/?p=12675

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