A Petrobras tem um ganho de R$ 6,6 bilhões no 3º trimestre, o presidente defende que a atual política de preços
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Fonte: Extra | Home / Rio de Janeiro | RJ
A Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 6,644 milhões de dólares no terceiro trimestre deste ano. O resultado foi 25 vezes maior do que os us$ 266 milhões obtidos no mesmo período do ano passado. Nos primeiros nove meses, o aumento da estatal somou R$ 23,677 milhões de dólares, um avanço de 371% comparado com o mesmo período de 2017. É o melhor resultado para o acumulado entre janeiro e setembro de 2011.
De acordo com a estatal, houve maiores margens nas vendas de derivados no Brasil e as exportações, ambas impulsionadas pelo aumento do preço do petróleo e da depreciação do real, além do aumento nas vendas de diesel, com a expansão da participação de mercado.
De acordo com Ivan Monteiro, presidente da estatal, a atual política de preços é importante para os bons resultados que a empresa vem apresentando nos últimos tempos. Segundo ele, caberá à Petrobras tirar e mostrar a importância dessa política para a equipe do novo governo.
— A gente acredita que esta política é transparente e dá uma previsibilidade ao mercado. Esta política de preços é um fator importante para os números que nos foi apresentada hoje (terça-feira), com um resultado recorde, em uma clara trajetória de recuperação — disse.
Segundo o executivo, o novo governo poderia falar de mudanças nesta política de preços, mas caberá à Petrobras mostrar sua importância para os resultados positivos da empresa.
— Alterações a esta política tem que ser discutidas, e, claro, o novo governo tem toda a liberdade de fazê-lo. Depende De nós tomar a importância e a relevância disso para a rentabilidade da empresa — disse Monteiro.
Dividendos de R$ 1,3 bilhões
Com o benefício, a Petrobras informa que seu Conselho de Administração, em reunião realizada ontem, foi aprovada a distribuição da remuneração antecipada aos acionistas sob a forma de Juros sobre o Capital Próprio (JCP). Será distribuído um total de R$ 1,3 bilhão, correspondente a um valor bruto de r$ 0,10 por ação, que será pago em 3 de dezembro de 2018, na proporção da participação de cada acionista, incluindo os que investiu seu dinheiro em ações da estatal.
Com a venda de ativos, a Petrobras já arrecadou US$ 5 bilhões neste ano, acumulando um total de US$ 7,5 bilhões no período de 2017/2018, muito aquém ainda de um objetivo de chegar até o final do ano, US$ 21 bilhões. O presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou que, devido a questões judiciais, como a suspensão da venda da ETIQUETA e dos projetos de colaboração nas refinarias, a Petrobras não alcançará a meta de US$ 21 bilhões no período de 2017/2018.
Segundo ele, o total de receita com a venda de ativos este ano deve ficar em US$ 7,5 bilhões, totalizando US$ 9,5 bilhões no período 2017/2018.
Abaixo da expectativa do mercado
O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que projetava lucro trimestral na casa de R$ 11 bilhões. A Petrobras informou que o lucro no terceiro trimestre foi impactado pelo pagamento de R$ 3,5 bilhões para as autoridades dos estados unidos para finalizar os processos do Departamento de Justiça dos estados UNIDOS da américa e na SEC, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“Depois de tais acordos, bem como os efeitos do acordo da Class Action, o lucro líquido seria de r$ 10,269 mil milhões no trimestre e r$ 28,012 bilhões no acumulado do ano”, disse a estatal em comunicado. No terceiro trimestre do ano passado, o aumento foi afetado com os gastos realizados pelo estado, com a adesão aos programas de regularização de dívidas federais.
Segundo a Petrobras, a queda no lucro também ocorreu devido à redução no volume total de vendas de derivados no mercado interno e as exportações. O total de vendas no mercado interno caiu 5% entre janeiro e setembro deste ano, de 2,3 milhões de barris por dia. Entre as exportações, a queda foi de 13%, para 834 mil barris diários. Assim, o total de vendas caiu 7% no ano.
O diretor financeiro da companhia, Rafael Grisolia, destacou alguns pontos que contribuíram para o resultado no terceiro trimestre como o aumento de 39% do preço do petróleo.
— O aumento dos preços do brent e a desvalorização do real se traduziram em maiores margens para a companhia, tendo reflexiva de forma positiva nos resultados da empresa, que está com um caixa de US$ 14 bilhões, além de linhas de crédito de US$ 5,9 bilhões que podem ser utilizadas, se necessário.
A produção caiu 6% no ano
No ano, a produção caiu 6%, para 2,028 milhões de barris por dia. A produção de petróleo diminuiu devido, principalmente, as alienações realizadas nos campos da Lapa e Roncador, e ao declínio natural da produção, que foram parcialmente compensados pela entrada em produção do FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes, no Campo da Tartaruga-Verde, e da P-74, no Campo de Buzios, disse a Petrobras.
Ao explicar a queda na produção, a diretora de Exploração & Produção, Solange Guedes, destacou-se a venda de ativos, cessação de vários sistemas antecipados de produção e de outras unidades para manutenção. A diretora destacou-se também os resultados na produtividade dos poços nos campos do pré-sal, que superam em mais de 30 mil barris diários por poço.
— Em provas de longa duração realizados no campo de Garoupa, na área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, constatou-se uma produtividade de produção de 58 mil barris por dia — disse a diretora.
Lembrou-se que será possível atingir a meta de produção de 2,1 milhões de barris por dia de petróleo este ano, apesar da queda.
— Vamos ter ainda algumas paradas programadas de plataformas, mas em um ritmo bem nenor que no terceiro trimestre do ano — disse Solange.
O diretor de Engenharia, Hugo Repsold, destacou-se também a entrada de novas unidades em operação. Ele citou a P-75, que deve entrar em produção ainda hoje em dia para a noite.
— P-67, deverá iniciar a produção até o fim do ano. A P-76, deve chegar no local de produção até o final deste ano. A P-77 está vindo da China e será colocada em produção no início do ano que vem. Temos boas perspectivas pela frente, para os próximos anos, de acordo com o Plano de Negócios — disse Hugo Repsold.
A receita de vendas da empresa ficou em us$ 98,2 milhões de dólares no terceiro trimestre, o maior número do que os us$ 71,8 milhões de dólares do mesmo período do ano passado. Nos nove primeiros meses do ano, a receita somou R$ 257,1 milhões, um avanço de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. A geração de caixa no ano subiu de us$ 19,2 milhões no terceiro trimestre do ano passado, para R$ 29,8 milhões de dólares, no terceiro trimestre deste ano. Com isso, no ano de 2018, a geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda subiu 35%, a R$ 85,6 milhões de dólares.
O aumento das receitas foi puxado pelos preços mais elevados dos derivados, como diesel, gasolina e GLP, como reflexo da cotação do preço do petróleo e da depreciação do real, ainda queue tenha ocorrido uma queda no colume de vendas.
“Houve um aumento das receitas de exportação de petróleo e derivados (Us$ 10,373 milhões), devido aos maiores preços, acompanhando a elevação das cotações internacionais e a depreciação do real frente ao dólar, e a maior exportação de gasolina, compensados, em parte, pela redução do volume de petróleo exportado, devido à menor produção”, explicou a estatal.
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino, disse que a redução nas vendas de gasolina se deve à competição com o etanol.
— A política comercial mais agressiva que a empresa vem adotando desde o final do ano passado, vem fazendo com que venha recuperação de mercado no setor de combustíveis — destacou Celestino.
“O fluxo de caixa livre manteve-se positivo pelo décimo trimestre consecutivo, atingindo R$ 37,481 bilhões nos nove meses de 2018, o mesmo nível do ano anterior, devido ao aumento da geração operacional, apesar de que os pagamentos relativos ao acordo da Class Action, e os maiores investimentos”, disse a Petrobras em comunicado.
Dívida líquida sobe 4%
Entre janeiro e setembro de 2018, o endividamento bruto recuou 2%, principalmente como conseqüência da amortização da dívida, para R$ 352,8 milhões de dólares. Já o endividamento líquido subiu 4%, devido à depreciação do real frente ao dólar, chegando a R$ 291,8 milhões de dólares.
“O prazo médio de vencimento da dívida ficou em 9,05 anos (maior que os 8,62 anos em 31 de dezembro de 2017). A taxa média de financiamento aumentou de 6,1% em dezembro de 2017 para 6,2% em setembro de 2018”, destacou a empresa.
Em dólar, a dívida bruta caiu 19%, passando de US$ 109,2 milhões, até ao final de 2017, para US$ 88,1 milhões de dólares. Já a dívida líquida teve recuo de 14%, caindo de US$ 84,8 milhões para US$ 72,8 milhões de dólares.
O processo de transição com o novo governo
Ivan Monteiro, disse que a empresa já está trabalhando com a equipe de transição, fornecendo toda a informação necessária. Segundo ele, os trabalhos na venda de ativos estão a desenvolver-se normalmente, sem alterações por conta das mudanças de governo. Lembrou que cabe ao governo decidir se permanecerá no cargo ou não. Seu mandato termina em abril de 2019.
— É a maior companhia com o resultado trimestral, a maior companhia de capital aberto. É uma empresa totalmente diferente do que as pessoas receberam — disse.
Ao final da coletiva de imprensa para apresentar os resultados da Petrobras do terceiro trimestre do ano, o executivo parece estar se despedindo.
— Quero dizer da satisfação de toda a diretoria com este processo de recuperação da companhia, para dizer a felicidade dos resultados alcançados até então. E, com tranquilidade, passar mensagem de que a Petrobras está aqui para contribuir e ajudar no desenvolvimento do nosso país. Foi o que o processo que iniciamos lá em fevereiro de 2015. Todos se lembram como estava em uma situação completamente diferente do que é hoje em dia — concluiu Monteiro.