O exagero faz mal à saúde ” Panorama Farmacêutico – Imã de geladeira e Gráfica Mavicle-Promo

O uso excessivo e inadequado de cuidados de saúde que pode causar sérios danos aos pacientes. Um bom exemplo é a questão da proliferação de supermicróbios, que se desenvolvem pelo uso inadequado de antibióticos. De acordo com um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o número de mortos em todo o mundo por supermicróbios pode chegar a 2,4 bilhões entre 2015 e 2050.

 

Cenários como este reforçam a necessidade de buscar, incessantemente, mais eficiência e menos desperdício nos serviços de saúde. A destruição de cuidados com a ineficiência e o desperdício de recursos e de tempo e, por outro lado, promover o serviço de coordenação e a promoção de mudanças de hábitos que previnam doenças, especialmente as crônicas, são caminhos que se devem seguir para que a população em geral possa viver de forma mais saudável e o sistema público e privado, funcione melhor para todos.

 

Este trabalho de conscientização contra o uso abusivo de medicamentos e a realização de exames, hoje conhecido como exageram, ganhou muita força nos últimos anos por meio de grupos e projetos que avaliam as decisões clínicas, para que elas considerem também os riscos e os custos associados, além do potencial em benefício da saúde do paciente. Como exemplos, há as iniciativas norte-americanas Providers For Responsible Ordering (Fornecedores) para Pedidos Responsáveis), cuja missão é promover o cuidado de alto valor que os pacientes que realmente necessitam, e ninguém que não precisam, e Caring Wisely (Cuidando Sabiamente), que incentiva as inovações que melhoram a condição do paciente e reduzir os custos da assistência.

 

Buscam, na prática, entregar o que é mais adequado e necessário para o paciente. Ou seja, o cuidado certo para ele, de forma integral, com uma assistência médica mais próxima e coordenada, para que o doente não se perca pelo sistema de saúde quando se busca o que é melhor para ele. E também para que não contribua para a insustentabilidade do sistema, que tem o overuse e o envelhecimento da população, assim como dois de seus pilares.

 

No Brasil, os gastos desnecessários para a saúde atingem números alarmantes. De acordo com a análise feita pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), 19,1% das despesas assistenciais no país, em 2017, foram frutos de desperdícios e fraudes, que totalizam R$ 27,78 milhões de dólares. Cifra altíssima, que, se aplicada de forma correta, melhoraria muito a qualidade da atenção e diminuiria os custos médico-hospitalares.

 

E é fundamental ressaltar que este mal uso no setor privado traz graves reflexos no serviço público também. Custos abusivos atingem a toda a sociedade. Isso porque o sistema de saúde estadual ou complementar, é mutualista, com uma pessoa, contribuindo para a atenção da outra, e depende da população economicamente ativa, que diminuiu pela queda da fecundidade e pela crise dos últimos anos, que contraiu o mercado de trabalho. Felizmente, para 2019, estima-se um crescimento do PIB de 2%, que se deve reflectir o aumento do número de vidas assistidas pelo setor privado.

 

Também é importante destacar que o aumento da população atendida pelos serviços de saúde suplementar desafoga o Sistema Único de Saúde (SUS), e contribui para um melhor serviço oferecido por este, que têm orçamentos limitados pelos custos, como salários, pensões e benefícios de prestação continuada, que consomem cerca de 65% do Orçamento da União.

 

A zero, um valor tão alto de desperdícios não será tarefa fácil. Mas todos podem colaborar na luta contra este grave problema. Os planos de saúde, por exemplo, precisam aumentar cada vez mais o uso de modelos de remuneração com indicadores de desempenho que avaliem o desfecho clínico para o paciente, em detrimento do fee for service (pagamento por serviço), que ainda prevalece no mercado brasileiro e que valoriza mais a quantidade do que a qualidade dos procedimentos médicos. Os fornecedores de serviços e os hospitais, em particular, devem dar maior transparência aos dados que não são apenas de produtividade, mas também de resultados, interpretações e até as não conformidades.

No caso dos profissionais de saúde, a valorização dos generalistas, como os médicos de família, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), podem resolver 85% dos problemas dos pacientes, desafogará os especialistas para que se dediquem a casos de alta complexidade. E até mesmo os pacientes podem ajudar, com atitudes simples, como guardar seus exames mais recentes (física ou digitalmente) e levá-los em consultas posteriores, para evitar repetições desnecessárias.

Fonte: Diário De Sevilha

Fonte: panoramafarmaceutico.com.br/2019/04/16/-exagero-faz-mal-à-saúde

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