Segundo os pesquisadores, o novo método injetável é tão eficaz como o tratamento diário e pode melhorar a adesão ao tratamento. Atualmente, o principal tratamento para o HIV são os anti-retrovirais em forma de pílulas, que devem ser tomados diariamente. No entanto, esta realidade pode mudar em breve. Os pesquisadores anunciaram esta semana, a eficácia de um novo método para tratar a infecção: injeções mensais. A ViiV Healthcare, farmacêutica, que financiou a pesquisa, disse que essas injeções facilitam o tratamento, especialmente para os pacientes que têm dificuldade em se lembrar de tomar a medicação todos os dias.
Outra vantagem do novo sistema é o de dar mais privacidade ao portador de HIV: as doses devem ser realizados por médicos e enfermeiros em clínicas habilitadas), o paciente pode evitar o estigma ao descartar o preenchimento de fichas, ou a apresentação de uma receita médica para comprar os medicamentos em farmácias. “Algumas pessoas ficarão entusiasmados com conforto”, disse Mitchell Warren, de HVAC (organização dedicada à AIDS), à revista Time.
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da doença tem como objetivo manter os níveis de HIV baixos o suficiente para diminuir as complicações associadas com a infecção pelo vírus, melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzir a mortalidade e a transmissão da doença, principalmente para os pacientes que têm vida sexual ativa. A injeção trabalha sob o mesmo aspecto, mas os pesquisadores têm relatado que não é possível afirmar que o novo método também serve como forma de proteção para seus parceiros sexuais.
Apesar disso, a ViiV Healthcare espera receber este ano a aprovação dos órgãos responsáveis por regular os medicamentos nos Estados Unidos e na Europa.
Os estudos
A nova injeção para o tratamento do VIH é uma combinação de dois medicamentos: a rilpivirina (marca registada Edurant) e o cabotegravir, uma substância experimental criada pela empresa que financiou os ensaios clínicos. Para testar a eficiência do novo mecanismo, os pesquisadores realizaram dois estudos distintos, com a participação de pacientes da América do Norte, Europa, Argentina, Austrália, Rússia, África do sul, Coreia do Sul, Suécia, Japão e México.
O primeiro experimento incluiu 616 participantes que já tomavam a pílula para tratar a infecção. Já no segundo, com 566 pessoas, os pacientes ainda não tinham iniciado o tratamento e foram orientados a fazê-lo (comprimidos) até que o vírus estivesse sob controle. Em ambos os estudos, os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo mudou o tratamento tradicional para a injeção e o outro permaneceu com a medicação tradicional. Depois de quase um ano de seguimento, o 1% e 2% dos participantes em ambos os estudos mostraram traços do vírus no sangue, independentemente do método de tratamento.
Para o computador, isso demonstra que a injeção é tão eficaz como os medicamentos para controlar os efeitos do vírus no organismo. No entanto, relataram que alguns dos participantes desistiram de continuar o estudo por causa de um efeito colateral: a dor pós-injeção.
Críticas ao novo método
A principal preocupação sobre o novo método é o custo do tratamento, que pode ser extremamente elevado. Nos Estados Unidos, por exemplo, a terapia tradicional pode custar milhares de dólares por mês para os pacientes que necessitam da medicação. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é distribuído gratuitamente para a população infectada, mas não é possível afirmar que, uma vez aprovada a injeção no Brasil, ela estaria disponível na rede pública, especialmente, se o custo é mais alto do que a versão atualmente disponível.
Outro problema é o esquecimento: assim como há pacientes que se esquece de tomar a dose diária, você pode ter que parar de tomar a dose injetável. Isso poderia permitir que as cepas do vírus do HIV se tornem resistentes à injeção, comprometendo a eficiência da injeção no futuro.
Ainda tem a questão de que não foi comprovado a eficácia do novo método em inibir a transmissão, o que traz preocupação para os pacientes que não querem infectar os parceiros. Por isso, os especialistas insistem em que o uso do preservativo ainda é o método com maior disponibilidade e menor custo quando se trata de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST).
HIV
O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o vírus responsável pela AIDS, doença que ataca o sistema imunológico, debilitando o esquema de defesa do corpo e deixando uma brecha para que outras doenças se instalem no organismo da pessoa infectada. Apesar de ser o causador da AIDS, nem todos os infectados desenvolvem a doença. Os terminou podem passar anos sem apresentar sintomas ou o desenvolvimento da doença, no entanto, são um vector e, por conseguinte, pode transmitir o vírus a outras pessoas.
De acordo com o Ministério da Saúde, as formas de transmissão do HIV são: sexo vaginal, anal e oral sem preservativo, compartilhamento de seringas, transfusão de sangue contaminado, durante a gravidez da mãe infectada para o bebê) e os instrumentos cortantes não esterilizados. Como não há cura para a doença, a prevenção ainda é o método mais eficaz de evitar o HIV. Por isso, use camisinha sempre.
Fonte: Veja
Fonte: panoramafarmaceutico.com.br/2019/03/11/injecao-mensal-para-hiv-pode-se substituir pilulas-diárias