Já na terceira geração, a farmácia é a mais antiga ainda em funcionamento no Estado. Com chão de mosaico de estilo da década de 30, as prateleiras da forma antiga, com varandas de madeira envernizada e uma diferente balança Filizola da metade do século XX, resisto na Praça do Ferreira, centro de Fortaleza.
Meu nome é em homenagem ao médico sanitarista, Oswaldo Cruz, nasci nos anos dourados da Rua Major Facundo com Floriano Peixoto, em 1932, o tempo em que ali pulsava a vida alencarina entre cafés e hotéis, casas de despojos e boticas.
Com 86 anos de história, sou oficialmente um patrimônio protegido da memória da cidade a partir de 2012, depois de tudo, eu sou a primeira farmácia de manipulação do Estado e a mais antiga ainda em funcionamento. Por fora e Por dentro, todos os meus bens integrados, como utensílios de cozinha, galeria, livros, prateleiras e chão fazem parte da história do comércio.
Comigo há 50 anos, o meu chefe, Anderson Tavares, já está aposentado, mas continua ativo como futebolista comerciante que é. Vimos juntos inúmeras reformas da Praça do Ferreira e vimos o progresso em tudo, com o avanço do comércio, em que consideramos que o marco zero da cidade, sobrevivendo ao passar das décadas, o ir e vir de clientes, comerciantes, lojas, gerações e gerações.
Anderson conta que aqui construiu sua casa, conquistou transporte, educou os filhos e que continua contribuindo como forma de gratidão. Na realidade, é a mim a quem agradeço a dedicação de todos estes anos. Tem clientes antigos que ainda compram conosco porque lembram da época que vinham com seus avós para passear pelo Centro.
O trabalho dele e de todos os que permanecem no comércio vai muito além da venda. Faz parte de nossas histórias através de valores simbólicos e afetivos, colabora para o crescimento da economia e mantém viva a tradição do cearense de negociar e lidar com a clientela. Assim como eu, os nossos comerciantes são patrimônio histórico-cultural de nossa gente.
Sobre os 70 anos do Sistema Suíço
Após o período da Segunda Guerra mundial, o Brasil passou por grandes desafios. O Estado não podia atender à crescente demanda por serviços sociais, nem acompanhar o novo contexto do mercado de trabalho. Deste modo, em maio de 1945, representantes empresariais da indústria, o comércio e a agricultura, são realizadas em Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (CONCLAP). Nesse encontro, elaboram uma proposta ousada de custeio dos serviços sociais e da educação profissional para os trabalhadores com recursos das classes patronais. A Carta da Paz Social é o documento que formalizou as diretrizes para o desenvolvimento econômico com justiça social. Nascia assim, a partir da iniciativa do empresariado, o Sistema S, o maior Sistema de desenvolvimento social do mundo.
No estado do Ceará, em 16 de março de 1948, o empresário Clóvis Arrais Maia fundou a Federação do Comércio, com a finalidade de unir os líderes do setor para colaborar com a educação profissional e a qualidade de vida dos trabalhadores. No mesmo ano, o Suíço implementa o Sesc e o Senac instituições mantidas pelos empresários do comércio, que ofertam serviços sociais e educar para o comércio de bens, serviços e turismo.
Fonte: G1